Após defender a descriminalização da maconha, Henrique Meirelles (MDB) teve que acalmar a parcela evangélica de seu eleitorado. O ex-ministro da Fazenda se reuniu com pastores em SP e no Rio para explicar seu posicionamento: pessoalmente é contra, mas precisa achar uma solução para o problema das drogas e evitar que consumidores acabem nas já lotadas prisões brasileiras.
A declaração havia sido feita em uma entrevista concedida à revista Istoé. Na ocasião, ele afirmou que, caso eleito, liberaria o uso da maconha.
”Acho que a maconha é uma questão de direito individual. Não devemos penalizar e criminalizar o consumidor, principalmente se for para uso medicinal. Maconha eu liberaria, mas dentro de algumas restrições, com controle rígido, como outros países fazem. Ainda mais depois que as pesquisas apontaram que não causa danos permanentes” – afirmou o emedebista.
O temor do emedebista era sobre o que pensaria o eleitorado evangélico, ao qual faz gestos de aproximações frequentes, e que representam hoje quase 30% da população brasileira. Para desfazer qualquer mal-entendido e “explicar” sua posição, Meirelles marcou encontros, em São Paulo e Brasília, com pastores evangélicos. Nas reuniões, fez questão de dizer que achava necessário encontrar uma solução para a descriminalização da maconha para não levar o consumidor às já superlotadas prisões brasileiras, mas que, pessoalmente, era contra o uso de drogas.
De acordo com O Globo, a explicação foi bem recebida, e os evangélicos entenderam o recado. Um auxiliar do ex-ministro citou inclusive como bem-sucedida a experiência implementada no Uruguai no ano passado, idealizada ainda no governo do ex-presidente José Mujica.
No país uruguaio, já são mais de 23 mil pessoas registradas para comprar a maconha produzida sob controle estatal e vendida em farmácias. Apenas uruguaios registrados podem comprar até 40 gramas por mês nas farmácias