Onda de manifestações ocorrem desde 28 de dezembro, após prisão de governador de oposição.
Os protestos iniciados em Santa Cruz, Departamento no centro-leste da Bolívia, em 28 de dezembro, depois da prisão do Governador Luis Camacho, se intensificaram na terça-feira 3. De acordo com a agência Reuters, centenas de caminhões bloquearam rodovias na região e estradas em outras regiões.
Conservador de direita e opositor do governo do socialista Luis Arce, Camacho foi preso por acusações de “terrorismo” relacionadas a um suposto golpe de 2019 contra o então presidente, Evo Morales.
Detido, Camacho foi encaminhado para presídio de segurança máxima em El Alto, cidade ao lado da capital La Paz, fora da província de Santa Cruz. A detenção continua gerando revolta nas ruas do país. Bolivianos acusam o presidente, aliado de Evo Morales, de promover perseguição política e criminalizar a liberdade de expressão.
Imbróglios no âmbito jurídico e político impactam negativamente o escoamento de boa parte da produção agrícola da Bolívia.
Líderes do Agro e transportadores também participam das manifestações e bloqueios de rodovias contra o governo Boliviano
Além das estradas bloqueadas, o que afeta no transporte de grãos e alimentos, carros foram incendiados e houve confrontos entre manifestantes e as forças policiais da Bolívia. Os protestos acontecem todas as noites nas ruas desde 28/12/22, com incêndio em carros e pneus e fogos de artifício. A polícia responde usando gás lacrimogêneo. Marchas menores aconteceram na cidade serrana de La Paz.
Líder do grupo Pro Santa Cruz, Rômulo Calvo afirmou que protestos e o bloqueio do escoamento agrícola irão ocorrer até a libertação do governador, “Temos um mandato da nossa assembleia, de que nada saia de Santa Cruz, e é isso que vamos fazer”, disse Calvo, segundo a Reuters.
A Ordem é para seguir com o bloqueio de estradas da Bolívia.
Rômulo Calvo não é o único representante de entidade da região agrícola de Santa Cruz a se manifestar publicamente em favor dos bloqueios de vias e, consequentemente, a paralisação do escoamento de grãos.
O presidente da Associação Internacional de Transporte Pesado de Santa Cruz, Marcelo Cruz, avisou, inclusive, que os pontos de interdição serão reforçados. “Nenhum grão, animal ou abastecimento das fábricas deve sair de Santa Cruz para o resto do país”, disse Cruz.
“Os pontos de bloqueios estão sendo reforçados”, complementou.
Bloqueando ruas e rodovias com pneus, galhos e pedras, os manifestantes exigem a libertação de Camacho. Segundo a Reuters, os bloqueios formaram longas filas no Departamento de Santa Cruz, que faz fronteira com o Brasil, e ameaçam as entregas de grãos e alimentos em todo o país.
“A população está revoltada com a prisão de um governador de direita e quer sua liberdade, mas estamos pagando e sofrendo com essa situação”, disse à Reuters Luiz Hebert Godoy, caminhoneiro brasileiro que transporta gás boliviano..
Ronaldo Ribeiro
Jornal Publi Cidade
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